A aula de teatro da passada sexta-feira teve um cenário diferente! Por proposta da aluna Dores, todo o espectáculo se desenrolaria num outro espaço, a sua casa.
A temática infantil e a narrativa dramatizada preenchiam o cartaz.
Artistas, convidados e público em geral ocuparam os seus lugares, aguardando as três pancadinhas de Molière que anunciariam a abertura de cena.
Houve quem chegasse mais cedo para colaborar na preparação dos adereços, o fatiar das frutas; quem seleccionasse as tisanas destinadas ao aclarar da voz, de origem alentejana e duriense; e até quem chegasse atrasado, e tivesse direito a ovação especial e até ao melhor lugar, como acontece em qualquer plateia comprometida politicamente.
Como é de bom tom, o Mestre, responsável pela selecção dos textos e respectivo ensaio, foi o último a chegar.
Mas como dizia, o cenário hoje foi diferente! Emoldurado pela sala de jantar da aluna Dores, abrilhantado pelas cores da sua simpatia e marido, o elemento mais decorativo, que constituía o adorno principal e que servira de pretexto a tal espectáculo, era um luminoso tacho atestado de “rancho à transmontana” que reluzia com a incidência das luzes colocadas estrategicamente nos olhares gulosos e esfaimados dos artistas e demais espectadores.
Não demorou muito que o referido tacho fosse assaltado, apalpado, esventrado e finalmente ovacionado. O assalto aos tachos processa-se sempre da mesma forma desinteressada! A importância deste fora demais! Preenchera completamente as expectativas de quem tinha apostado nele como “ o melhor”. Mas houve quem confessasse que estivesse bom ou nem por isso, para ela tinha sido óptimo, uma vez que era o único! Quem se atrever que interprete!!!
Mas o espectáculo continuou.
O segundo acto foi preenchido então por histórias de vida, declamadas na primeira pessoa, com sotaque alentejano e não só, muitas delas de autores anónimos que provocaram risos, sorrisos e até uma ou outra lagrimita de comoção.
Finalmente, o Mestre encantou com o encanto dos “Bichos” de Miguel Torga.
Não sei se houve mais, pois tive que me ausentar.
Como crítico devidamente credenciado, gostaria de classificar de muito agradável mais este salutar espectáculo. Estão todos de parabéns, sobretudo a encenadora Dores e respectivo marido pelo bom momento que proporcionaram.
MH
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