segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

HISTÓRIA DA RUA D.FERNANDO




Qual a sua origem?

Como tantas outras ruas na nossa aldeia, em tempos remotos, seria unicamente um simples carreiro, se assim se lhe poderia chamar, ou apenas uma extrema de divisão de terrenos, todos de cultivo. Para além de uma vala que vinha do lado poente e que atravessava o cruzamento da Avenida em direcção à estrada da Chave, nada mais existia.
Com o decorrer do tempo, esse carreiro foi alargado para dar acesso a passagem de carros de bois.
No sentido nascente/poente fazendo esquina com a rua D. Manuel Trindade Salgueiro, existia um grande quintal com um muro alto pertencente a uma grande casa para a época. Esta fazia esquina com a rua Trindade Salgueiro e a Avenida José Estêvão , existente até ao início do primeiro mandato do Presidente da Câmara de Ílhavo, Engenheiro Ribau Esteves. Nesse quintal havia uma enorme figueira que ainda hoje se mantém.
Do lado esquerdo, também fazendo esquina com a mesma rua, havia o chamado Teatro Cine Triunfo. Esta sala de espectáculos, para a época, era muito boa. Foi mandada construir por dois sócios: um ligado ao mar, o Capitão Santos, natural de Ílhavo, e o outro, o Ti Zé Vieira (lavrador bastante abastado). Assim a rua começou a chamar-se “Caminho do Cinema”.


Mais à frente, a uns quinhentos metros, mais ou menos, havia um outro carreiro do lado esquerdo que dava acesso a um pequeno aglomerado de casas muito humildes, onde viviam umas quantas famílias, muito pobres (os Coelhos, os Gulaimos, os Cuecas, os Bizas e as Areiras).
Continuando ainda do mesmo lado esquerdo, havia, mais adiante, um outro caminho, hoje rua dos Lavadouros, que dava acesso à mata e às dunas,  onde eram cavadas as fontes que seriam utilizadas, regra geral, à segunda-feira por mulheres que iam com as suas tripeças lavar e corar a roupa. Eram a saber: a fonte da Bicha, assim chamada porque havia uma casinha muito pequena cuja dona se chamava de Ti Bicha, a fonte dos Teixeiras, porque parte dessas dunas pertenciam à família dos Teixeiras, e a fonte das lebres, mais tarde destinada só para água de beber.
Com o início das obras de acesso à Barra, construíram, na minha rua, os lavadouros que, passados poucos anos, foram desactivados e agora reconstruídos e adaptados para um Infantário.
Procurei saber o porquê da minha rua ser denominada de  D. Fernando,  não tendo encontrado resposta, pois nada existe relacionado com este Rei na Gafanha da Nazaré. No entanto, na altura em que foi colocada a placa, o então Presidente da Junta da Gafanha da Nazaré tinha uma certa amizade com um Fernando não “Formoso”, mas sim Fernando “Próspero” de nome, e que, na altura, andava a construir a sua casa nesta rua.
Hoje esta rua está totalmente preenchida por boas e bonitas vivendas, mas só na década de 90 foi alcatroada.

Helena Bastos

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