O Pardal
Há uns dias estava a ver televisão e casualmente mudei para a SIC que transmitia uma reportagem sobre violência nos idosos, assunto que nos últimos dias tem sido muito divulgado em todos os órgãos de comunicação social.
Estive quase para mudar de estação, pois estes temas deprimem-me, mas não o fiz, pois algo despertou-me a atenção.
Enquanto decorria a reportagem, a mesma era interrompida para dar lugar a cenas de um filme estrangeiro.
As personagens eram duas pessoas, pai e filho, que se encontravam sentados num banco de um jardim.
O filho já adulto lia o jornal e o pai, um senhor idoso, vendo uma pequena ave saltitando, perguntava ao filho:
O que é aquilo?
É um pardal – respondeu o filho.
Após esta cena, retomavam a reportagem.
Seguiram-se várias cenas do filme, sempre intercaladas. A cena era a mesma, com o pai a perguntar ao filho que ave era aquela.
O filho respondia-lhe sempre que era um pardal, mas à medida que ia respondendo a sua voz ia subindo de tom.
Quando o pai mais uma vez lhe fez a mesma pergunta, ele irritou-se e gritou-lhe junto ao ouvido furioso:
É um P-A-R-D-A-L !....
O pai, silenciosamente, levantou-se e o filho perguntou-lhe:
Aonde vai?
O pai não lhe respondeu e continuou a andar em silêncio.
Passado algum tempo, voltou com um pequeno livro na mão. Abriu-o e deu-o ao filho para ler.
Uma criança de quatro anos, um dia, perguntou ao pai pela 21.ª vez que ave era aquela que saltitava no jardim.
O pai, cada vez que o filho lhe fazia a mesma pergunta, respondia-lhe sempre com um sorriso e a seguir dava-lhe um beijo.
Ao ler isto, o filho olhou para o pai e inesperadamente abraçou-o e deu-lhe um beijo.
Depois desta cena a reportagem continuou.
Rosa Carvalho
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