“A ILHA” de Victoria Hislop
Guilhermina Gama
Acabei de ler, esta semana, o livro de Victoria Hislop intitulado “A Ilha”.
Fui persuadida a lê-lo por uma amiga que insistiu em mo emprestar. Certamente que muitos já o conhecem e o que eu possa dizer talvez não seja nada de novo, mas eis a minha opinião, no sentido de estimular uma leitura deveras aliciante.
O título do livro remete-nos para a ilha de Spínalonga, que fica situada em frente a Creta. Spínalonga pertenceu a Veneza, no século XVI, que a dotou de uma fortaleza e de uma muralha que tinham como finalidade impedir a entrada dos Turcos no território. Grande parte das mesmas ainda hoje se mantém.
A partir de 1903, o governo grego decidiu usar a ilha desabitada para local de isolamento de doentes a quem fora detectada a lepra, enviando para lá uma colónia de leprosos. Os doentes foram alojados em pequenas casas, sendo acompanhados por um médico, no hospital lá construído, até a ilha ser abandonada por volta dos anos 50/60. O abandono da ilha verificou-se após os habitantes da mesma terem sido considerados curados, já que foi neles que foram testadas as primeiras doses da vacina contra a lepra. A descoberta da vacina poderia ter surgido mais cedo, não fora a invasão de Creta durante a segunda guerra mundial, que interrompeu a investigação durante esse período.
Este romance centra-se no sofrimento de uma determinada família, cujos familiares foram atingidos por aquele flagelo. Mostra a atitude e o sentimento de perca das famílias que, ao verem os seus entes queridos serem deportados para aquele local, os consideravam como se tivessem morrido em vida, uma vez que nunca mais poderiam contactá-los. Mostra ainda a discriminação da sociedade para com os doentes ou seus familiares, tal o medo que tinham do contágio.
Relata como na ilha as pessoas se esforçavam por viver com dignidade, valorizando cada momento, tornando a vida o mais normal possível, mostrando que, mesmo no meio da tragédia, a vida continua, enquanto a dedicação, a competência e a generosidade de muitos aliviam o fardo dos outros. Revela também o medo do regresso, após a cura, pois, se havia gente em que a doença nunca estivera em evidência, havia outros em que a lepra deixara marcas profundas e não sabiam como iriam ser recebidos nas suas comunidades, quer pelos familiares quer pelos amigos, mesmo tendo o certificado da cura.
Enfim, para mim, é um livro fantástico, sincero, comovente e profundamente humano.
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