sexta-feira, 16 de abril de 2010

Partiste naquela manhã de Primavera


Chegavas pela tarde…


Chegavas pela tarde…
Trazias nos olhos a solidão
dos teus dias,
na voz, a angústia do teu olhar…


Falavas dos teus medos,
dos teus tempos de criança
e da tua falta de esperança
que eu sentia ao escutar!


Chegavas pela tarde…
E os teus olhos tristes
cruzavam os meus.


Eram olhos tristes
feitos de mágoa e de saudade
dos teus tempos de menina…


Dos tempos em que brincavas
nos campos
colhendo flores,
com que enfeitavas os sonhos
da Primavera da vida…


Chegavas pela tarde e…
Falavas do tempo em que
sentada à lareira,
ouvias os teus avós…


Falavas do tempo em que
sentada à lareira,
contavas histórias
e outras memórias numa amargura
sem fim…


Chegavas pela tarde…
Vinhas devagar.
Já não podias correr
e se calhar nem amar
e se calhar nem viver…


Chegavas pela tarde e…
falavas do tempo
sem tempo.


Chegavas pela tarde,
mas… partiste
Naquela manhã de Primavera…

Odete Filipe

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