quinta-feira, 10 de junho de 2010

Tema para reflectir


“Comunicação Social:
Espelho do País que Somos”

A chegar ao fim do denominado ano zero da Universidade Sénior da Fundação Prior Sardo, os alunos e coordenador da disciplina fotografia/comunicação divulgaram um trabalho sobre a Comunicação Social que merece de todos alguma atenção.

Tivemos presente nas nossas  aulas quatro jornalistas: Carlos Naia, que foi jornalista durante 40 anos no JN, Carlos Teixeira, jornalista da RTN (há 23 anos), Torrão Sacramento, Director de O Ilhavense e Fernando Martins, ex-Director do Correio do Vouga, responsável dos blogues  pela-positiva e galafanha e colaborador da Imprensa regional,  além do nosso coordenador Carlos Duarte, colaborador da Imprensa há mais de 30 anos.
Todos souberam diferenciar o bom e o mau jornalismo, este último resultante do facto de não haver o chamado jornalismo de assinatura, isto é, de  autor, que são referência em determinados órgãos de Comunicação Social. Aliás, o jornalista,  como em todas as outras profissões,  está constantemente a mudar de “patrão”, o que faz com que o mesmo esteja sujeito aos diversos Estatutos Editoriais, que muitas vezes são feitos conforme as opiniões não dos jornalistas, mas dos proprietários, a quem o que interessa é o lucro.

Hoje a concentração da imprensa em grupos económicos condiciona a liberdade de poder informar com isenção e rigor, estando a liberdade de expressão submetida a ameaças com a precariedade dos vínculos de trabalho dos jornalistas.

Como está a acontecer na sociedade, a perda de valores, a banalização nas notícias com a repetição das mesmas e a ambição de quem está no poder pelo controle da CS ultrapassam  o bom senso, levando a maioria dos órgãos de comunicação social a valorizarem o escândalo, o que leva ao descrédito da classe dos jornalistas que trabalham e que não cumprem os critérios mínimos de qualidade,  nem se preocupam com os valores éticos nesta área, onde tudo se compra e tudo se vende por qualuer preço.

Mas também existe a outra “face da moeda”, isto é, hoje tudo é mais visto, mais escrutinado e,  como tal, mais noticiado (ex.: Em cada dia são enviados para a Net pelo YouTube mais de mil milhões de vídeos noticiando TUDO). A informatização da comunicação deu à notícia uma força com características novas ao chamado 4.º. poder. Cada vez se torna mais difícil o poder (ou poderes) controlarem os jornalistas que não fazem o “lixo informativo”, mas fazem o jornalismo de referência e de qualidade. E hoje, ao ouvirmos Directores de Jornais afirmarem, na Assembleia da República,  as pressões a que têm sido sujeitos pelo poder,  deve motivar-nos  a sermos cidadãos mais intervenientes na vida do país nos mais diversos sectores da sociedade,  combatendo os três principais problemas existentes: Burocracia, Inércia e Corrupção.

E para sermos cidadãos mais competentes, com mais conhecimento emais opinião, devemos saber escolher o que lemos, o que ouvimos e o que vemos. Hoje a Comunicação Social, em todo o mundo, é o motor dos avanços e recuos das sociedades. Basta lembrar como os políticos tentam “manobrar” a CS,  não só aquando das eleições, mas também na tentativa de manipular os jornalistas para apresentarem as notícias conforme lhes interessa no momento,  como as tentativas de censura nas transmissões da Guerra do Golfo na imprensa dos EUA, na Rússia a morte de jornalistas que queriam  fazer a “cobertura” da guerra na Tchetchénia, como em Itália com os escândalos do primeiro-ministro ou nas razões que levaram os EUA e seus aliados à guerra no Iraque

Como em todas as profissões, e é bom acentuar isto,   há bons e maus profissionais,  e como tal há bons e maus órgãos de comunicação social,, sendo um dever de todos saber escolher os OCS que,  pelo seu Estatuto Editorial,  nos merecem credibilidade. Não podemos ir atrás duma fotografia mais sugestiva na primeira página ou na publicidade enganosa de algumas empresas de marketing.

Não sejamos ingénuos, o jornalista limita-se a transcrever o que viu e o que sabe, pois de seguida há toda uma filtragem dessa notícia, a maioria das vezes sem qualquer interferência do autor, o que a  transforma radicalmente. E devemos interrogar-nos sobre se realmente é de interesse público  publicar  as escutas do caso Face Oculta.  Quem comprou ou vendeu a noticia? Quem a pagou? Como foi possível a mesma ter saído do chamado Segredo de Justiça? E afinal para que serve tal “segredo”?!

Como também numa altura de grande crise económica mundial,  e em especial no nosso  país, a quem interessa noticiar estes assuntos que se encontram nos tribunais, não se discutindo os graves problemas do país? A quem interessa pôr os deputados da AR  a reunir de emergência spor causa os referidos casos,  em vez de tentarem resolver o desemprego, as falências das empresas, etc, etc?

Demagogia? Ou será que a realidade em que todos vivemos só interessa a cada um e não à comunidade? Não podemos continuar a ser um povo sem confiança, sem ideais e sem energias para se regenerar, onde os outros é que são culpados e nunca nós.

“Nenhum povo pode viver em harmonia consigo mesmo sem ter uma imagem positiva de si”

Eduardo Lourenço,
in "Labirinto da Saudade", 1978


Alunos da Universidade Sénior da Fundação Prior Sardo – Custódia Bola, Orlando Leitão, Manuel Cardoso, Maria Jorge, Bela Cardosa, Nelson Calção, Teresa, Maria Piedade e Albertina Vaz

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